segunda-feira, 22 de setembro de 2008

EM NOME DE UMA (FALSA) AUTONOMIA, ME NÃO CUMPRE AS SUAS FUNÇÕES VITAIS”


ME CONTROLA AS ESCOLAS


No começo deste ano lectivo as escolas receberam, de imediato, uma informação (em formato electrónico) da DGRHE, que, no entendimento da FENEI/SINDEP, pretende centralizar e aumentar o processo burocrático da avaliação de desempenho dos professores, ou seja, controlar as escolas, quando apregoa a sua autonomia. Neste sentido, em vez de investir na resolução de problemas prioritários, o Ministério da Educação (ME) insiste na fúria burocrática.

Desta feita, as escolas teriam de enviar, para a DGRHE até dia 21 de Setembro, os procedimentos adoptados em relação a:

1.Data da aprovação dos instrumentos de registo de avaliação (caso não tenham sido ainda aprovados, justificar o porquê e apresentar a proposta de data para aprovação);

2.Data de apresentação dos objectivos individuais do docente;

3.Calendarização de todo o processo de avaliação a decorrer durante este ano lectivo.

Parece-nos que a maior preocupação do ME, no arranque do ano lectivo, assenta na efectivação dos procedimentos de todo o processo burocrático da avaliação dos professores, e não nas aprendizagens dos alunos, nas suas dificuldades, no ensino especial, entre outras.

A FENEI/SINDEP lamenta que o ME se apresse a enviar uma nota com semelhante teor, em vez de encontrar soluções rápidas e eficazes para tantos problemas com que as escolas se deparam neste ano lectivo de 2008/2009, tais como:

1.A formação sobre a avaliação de desempenho, pelos Coordenadores de Departamento, ainda está a decorrer, porque o ME não se apressou, como era da sua responsabilidade, a providenciar atempadamente tal formação, ainda que tenha sido uma recomendação da FENEI/SINDEP em 2006/2007;

2.Esta formação, que ainda está em decurso, apenas para Presidentes de Conselhos Executivos e Professores Titulares Coordenadores/Avaliadores, sofreu um revés. Isto quer dizer que os anteriores coordenadores, já destituídos e substituídos deste cargo pelas escolhas do órgão de gestão, foram substituídos por nomeação e entraram agora num processo já quase a terminar, não tendo aproveitamento algum a formação dos antigos coordenadores. A ligeireza e a incongruência revela, mais uma vez, a inexequibilidade deste modelo de avaliação, levando ao prejuízo da avaliação e à sua falta de seriedade;

3.De novo, as escolas abriram sem um número suficiente de Auxiliares de Acção Educativa. Esta situação é, deveras, preocupante. Por um lado, a maioria dos efectivos do PAAE é de idade avançada, não estando em condições de executar as tarefas mais pesadas e um eficaz controlo das crianças. Por outro lado, derivado ao encerramento de milhares de escolas, transferiram-se alunos, mas o número de auxiliares não aumentou. Se não temos escolas fechadas, devemos a estes agentes, que se desdobram em inúmeras tarefas e tudo fazem para que a escola funcione. A transferência destes funcionários para as autarquias vai levar a que estas tenham de recrutar e formar mais funcionários, e sem verbas suficientes, veremos se o aumento da violência e do mau funcionamento das escolas não se agravará, neste novo ano lectivo.

No entanto, o ME continua a propagandear o tão famoso e falacioso milagre na Educação. A FENEI/SINDEP desafia-o a que, de uma vez por todas, se apresse a resolver os dramas reais, que as escolas vivem diariamente e que continuam a tentar ser resolvidos por aqueles que foram enxovalhados em praça pública: o pessoal docente e não docente! Os mais frágeis do sistema e que fazem parte dos agentes do Estado vão agora ser descartados para contratados em serviços ao Estado. É, assim, que este Governo trata os que bem serviram, com sacrifício, a função pública docente.

Lisboa, 22 de Setembro de 2008

O presidente da FENEI e Secretário-geral do SINDEP

Carlos Alberto Chagas

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