sábado, 20 de setembro de 2008

Escolas primárias: salas de ontem, salas de hoje


in Educare

Arquitecto do Ministério da Educação publica artigo sobre a arquitectura das escolas primárias de há 40, 60, 100 anos. "A sala de aula continua a ser a mesma", conclui. Edifícios que reflectem a história de um país e que foram erguidos sob o conceito da flexibilidade.
"Arquitectura do Ensino Primário em Portugal: Um estudo de caso" é o título do artigo de José Freire da Silva, arquitecto do Ministério da Educação, que foi publicado na edição online do Programme on Education Building (PEB) Exchange da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Junho deste ano. Um olhar atento e apurado sobre quatro escolas primárias do município de Caldas da Rainha permite perceber que há coisas que não mudam e que a tradição tem o seu peso. "O espaço de ensino em si - a sala de aula - continua a ser o mesmo", adianta ao EDUCARE.PT. Há antigos edifícios, construídos no século passado, que ainda hoje são usados para o ensino, constituindo um património que o país soube preservar dando-lhes utilidade e fazendo parte de uma memória colectiva.

O artigo tem várias finalidades. Em primeiro lugar, quis realçar alguns aspectos relacionados com a investigação que se faz ao nível da arquitectura. E verificou-se que a flexibilidade era uma grande preocupação dos autores das antigas escolas primárias portuguesas. "Construíam-se escolas que pudessem aguentar as transformações que foram acontecendo ao longo dos anos". Estruturas sólidas, mas com capacidade para "esticar" mediante as necessidades educativas. "Se verificarmos, houve coisas que evoluíram, sentiu-se a necessidade de construir bibliotecas, cantina, os serviços administrativos entretanto cresceram".

Os princípios de há muitos anos continuam a ser válidos. "Certos edifícios que existem nas cidades fazem parte de um património cultural que transmitem os valores do passado". "Não são para deitar abaixo para fazer caixotes urbanos, mas continuam a ser utilizados para as novas necessidades de ensino", repara Freire da Silva. Edifícios que respondem aos novos conceitos educativos e às exigências que foram aparecendo com o passar dos anos.

"Se pensarmos que um bom edifício pode contribuir para que o ensino possa ser melhor, há muita coisa a dizer sobre isso". O arquitecto estudou pormenorizadamente quatro escolas primárias de Caldas da Rainha, uma das quais desenhada pela mão do arquitecto Adães Bermudes, responsável pela concepção de centenas de escolas por todo o país - e que chegou a ganhar a medalha de ouro de arquitectura de escolas na exposição mundial de Paris em 1900.

Quatro escolas analisadas a pente fino em Caldas da Rainha. O parque escolar de 1898, de Adães Bermudes, com salas para 50 ou 100 alunos, cada uma com três largas janelas viradas para a parte frontal do edifício. E com uma pequena casa para o professor e um quarto para o seu assistente. Neste momento, a escola tem 64 alunos. Escola do Bairro da Ponte construída em 1969 de acordo com as regras do plano centenário. Rapazes e raparigas aprendem em salas diferentes. "A escola respeita as recomendações de saúde e outras condições adicionais para o bem-estar de estudantes e professores". Neste momento, o edifício alberga 379 alunos e tem uma biblioteca.

A Escola Encosta do Sol é o exemplo dos edifícios primários construídos a partir da década de 60. Seis por oito metros quadrados de sala, elementos de construção simples para reduzir custos. A estrutura surgiu durante os anos 70 com quatro salas de aula. Hoje tem mais salas para 365 alunos. Escola Bairro dos Arneiros, construída em 1973, com oito salas de aula baseada num conceito mais urbano. Ao longo dos anos, sofreu alterações para agora servir 439 alunos, com mais salas, uma biblioteca, um escritório principal, cantina e serviços administrativos. E está adaptada para pessoas com problemas de mobilidade.

O Artigo pode ser obtido em http://www.oecd.org/dataoecd/10/62/40802346.pdf

Nenhum comentário: